quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ja senti...


Já senti a vida demasiado perfeita, para ser contada, como numa história, num conto de embalar.
Já acordei com o roçar dos teus cílios nas minhas costas como um brando bater de asas.
Já amarrotei os meus pensamentos e rasguei os meus sentimentos.
Já ouvi o bater do coração na minha pele.
Já experimentei os teus braços envolverem-me como raios ao nascer da manhã.
Já fiz acordes no seio do teu pescoço.
Já te afaguei o ventre como as notas de piano na memória dos dedos.
Já cerrei os olhos para o sonho chegar.
Já deixei a maresia envolver o meu corpo e o som das gaivotas inundar-me de silêncio.
Já senti de modo devasso roçar em mim o dia.
Já muitas vezes o silêncio foi o nosso melhor amigo.