sexta-feira, 25 de março de 2011

De mãos dadas...


De mãos dadas...

Só quero que não exista mais, pra eu não ter que esperar todo dia pelo dia de você voltar.
É que há épocas em que estou lúcida e te odeio muito -  cato o saco de motivos que me deu, e vasculho até desejar o fim. Mas, há outras em que me falha a memória e a saudade me trás você bom, adorável. Aí amo e amo e amo até me perder na ilusão.
Só vou reaver-me dias depois, já de joelhos vasculhando o chão a procura de minha vida.
Nessas horas, daria o senso de humor e um dedo mindinho pra saber o que você anda pensando aí nas distâncias. Pensa na guerra do Iraque? Nos planetas não descobertos? Deseja aprender o chinês?
Pensa em mim quando acorda? E quando vai dormir?
Inventa casas para morarmos, planeja viagens pelo Tibet, escolhe veleiros para atravessarmos o pacífico?
Preciso tanto arrumar tempo pra aprender a te querer menos, mas ando muito ocupada remendando um coração partido.
É tarefa longa, não costuro bem. E longa é a avenida de clichês que se engarrafam no rush da minha cabeça.
Amor burro.Às vezes me assolam desejos insanos. Quero subir no farol da praia e gritar seu nome bem alto. Quero pichar o Pão de Açúcar com versos apaixonados.
Desejo plantar bandeiras de amor nos arranha-céus de Xangai e anseio por lavar o chão do Elevador Lacerda ou marchar sobre os cotovelos, se isso tornar provável nossa estória impossível.
E tem dias de decisões. Nenhuma lágrima mais, nenhum lamento!
Cavalgarei quatro luas no cavalo que você me deu pra noite engolir o escuro que há dentro de mim. Acenderei uma alameda de velas pra te celebrar.
No dia de teus anos, acompanhada dos seres que amam sem medo, irei, em procissão, pedir à Mãe que te liberte para amar assim. Pedirei também que tua vida seja boa e feliz.
E construirei uma capela na colina mais bonita, pra lembrar a Deus que tenho esperanças.
Sento ali e espero um milagre.
E depois de cinqüenta anos, se nada acontecer, morro eu, cansada por sofrer dores físicas a cada dia que meu corpo gritou pelo seu.
E olha que eu só queria andar de mãos dadas e viver contente a seu lado.