Eu sei,
que o homem-bala voa,
que a trapezista voa,
e o tempo ainda é pior
Eu sei,
que os automóveis correm,
que os trens nos trilhos correm,
e o tempo ainda é pior.
Porém,
posso esquecer das horas,
abusar da demora,
pra ficar com você.
Eu sei,
a vida inteira é curta,
passado não tem curva,
e o tempo ainda é pior.
Eu sei,
os sonhos envelhecem,
certezas vão embora,
e o tempo ainda é pior.
Porém,
posso esquecer das horas,
abusar da demora,
pra ficar com você.
Por fim,
se o Super-Homem voa,
se a bailarina voa,
e o tempo ainda é pior.
Eu vou,
nesse compasso lento,
em meio ao contratempo,
sem pressa de entender.
E sim,
posso esquecer das horas,
abusar da demora,
pra ficar com você.
Sim,
posso esquecer das horas,
abusar da demora,
pra ficar com você.
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O compositor Renato Godá, compositor paulista, sabe que letra de música tem que ser simples, clara, direta. Por isso, seu "Canções Para Embalar Marujos" é um dos melhores álbuns da nova safra.
Quem acessa o site oficial do cantor e compositor Renato Godá encontra a seguinte autodefinição: o músico é "um escritor de músicas endiabradamente românticas". Entenda-se endiabrado pela imagem de um dândi cafajeste circulando por um cabaré esfumaçado da velha Paris, onde se toca jazz, folk e música cigana, e romântica pelos tragos largos do copo de uísque e pelas baforadas de fumaça do cigarro que o sujeito lança se desmanchando de amores pela dançarina que se apresenta todas às quintas no local. Canções para embalar marujos, novo trabalho de Godá, não fala de piratas, mas de marinheiros de copos e amores líquidos.
Iniciado na carreira musical quase que por acaso, o cantor estreou nos palcos como ator, Renato Godá despontou no cenário musical após o lançar em 2009 o EP que levava seu nome no título. Muito bem recebido pela crítica, o trabalho lhe rendeu apresentações na Argentina, na Inglaterra e na França, onde firmou parcerias e buscou influências para o seu segundo CD.
A música de Godá é uma mistura entre jazz, rock n’ roll, folk norte-americano, música popular brasileira dos anos 60 e 70 e folk cigano do leste europeu. Sempre cortês, natural, abraçado às reminiscências da chanson francesa de cabarés esfumaçados, mal visitados. Politicamente incorretos. Cenários perfeitos para a poesia marginal da metrópole em madrugadas caóticas.
Além da sonoridade, surpreende a qualidade das letras. As composições são visuais, graves, talvez cinematográficas. Brindam referências ao mesmo tempo em que as digerem, um processo bastante brasileiro de antropofagia e renovação
Vamos curtir as músicas instigantes do Godá:
2010