quarta-feira, 6 de maio de 2015

Telhados de Paris - Zélia Duncan



Venta
Ali se vê
Aonde o arvoredo inventa um ballet
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoas, sem nada

Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui

Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado e mais parece outro país
Que me estranha mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito

Eu tenho os olhos doidos, doidos, doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, doidos. doidos, são doidos por ti

O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
E de versos retos, corretos
O resto da paixão, reguei
Vai servir pra nós
O doce da loucura é teu, é meu
Pra usar à sós

Eu tenho os olhos doidos, doidos, doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, doidos, doidos, são doidos por ti

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