quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Lascívia



Imersos no escuro do templo, palavras iam e vinham em todas as direções.
De onde o fogo beijara a vela outrora num intenso clarear de emoções, ele perguntou.
"Quem 'tá aí?" e ela..."Eu."
Não sei que imã invisível agiu, não sei que fluido inebriante, que névoa instigante,
que véu os enlaçou.
Ao início, o néctar. A procura certa de quem estava ao lado, sem saber que procurava.
O nariz encontra o pescoço, a boca encontra o rosto, e a face passeia suave ao encontro inesperado.
A respiração cessa assustada, o coração pára sem compreender,
enquanto eles se unem sem perceberem.
Eles estão tão certos de si que consomem o corpo com o mesmo ímpeto das velas de outrora.
Boca e boca.
Um pingo miúdo e intenso de luz que ruge ao explodir.
Um olhar. "Te amo". Um susto.
O "eu-te-amo" mais curto e mais sincero que já se deu no mundo.
Não houve medida. Não houve querer posterior.