quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lenine


Daqui desse momento / Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem / A sombra do futuro
A sobra do passado / Assombram a paisagem.

Quem vai virar o jogo / E transformar a perda
Em nossa recompensa / Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado / Só de quem me interessa.

Às vezes é um instante / A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou

Me traz o seu sossego / Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa / Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido / Só o que me interessa.
A lógica do vento / O caos do pensamento
A paz na solidão / A órbita do tempo

A pausa do retrato / A voz da intuição
A curva do universo / A fórmula do acaso
O alcance da promessa / O salto do desejo
O agora e o infinito / Só o que me interessa.

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Osvaldo Lenine Macedo Pimentel, conhecido apenas como Lenine,  nasceu em Recife no dia 2 de fevereiro de 1959, é um cantor, compositor, arranjador, escritor, letrista e músico brasileiro. Ocupa a cadeira 38 como acadêmico correspondente da Academia Pernambucana de Letras. Filho de um velho comunista e de uma católica praticante, criou-se porém uma espécie de détente na família. Até os 8 anos, os filhos eram obrigados a ir à missa com a mãe. Depois disso, ficavam por conta do pai: Marx era leitura obrigatória. Aos domingos, ouvia-se música de todo tipo - canções napolitanas, música alemã, música folclórica russa, Glenn Miller, Tchaikovsky, Chopin, Gil Evans, e mais tarde, Hermeto Pascoal e os tropicalistas.
Foi para o Rio de Janeiro no final dos anos 1970, pois naquela época havia pouco espaço ou recursos para música no Recife. Morou com alguns amigos, compositores. Dividiram por algum tempo um apartamento na Urca, depois uma casinha numa vila em Botafogo, famosa por ter sido moradia de Macalé e Sônia Braga. Depois foram para Santa Teresa.
Lenine teve seu som gravado por Elba Ramalho, sendo ela a primeira cantora de sucesso nacional a gravar uma música sua. Depois vieram Fernanda Abreu, O Rappa, Milton Nascimento, Maria Rita, Maria Bethânia e muitos outros.
 Produziu "Segundo", de Maria Rita; "De uns tempos pra cá", de Chico César; "Lonji", de Tcheka (cantor e compositor do Cabo Verde); e "Ponto Enredo", de Pedro Luís e a Parede.
 Trabalhou em televisão com os diretores Guel Arraes e Jorge Furtado. Para eles, fez a direção musical de "Caramuru, a Invenção do Brasil" que depois de minissérie, virou um longa-metragem. Participou também da direção do musical de "Cambaio", musical de João Falcão e Adriana Falcão, baseado em canções de Chico Buarque e Edu Lobo.
 Lenine ganhou dois prêmios Grammy Latino: um pelo “Melhor Álbum Pop Contemporâneo” com seu álbum "Falange Canibal"; e outro em 2009 na categoria melhor canção brasileira com a música "Martelo Bigorna".
E, 19 de Outubro desse ano, Lenine lançou seu mais novo álbum, intitulado "Chão". Décimo disco de sua carreira o músico partiu da palavra chão para escrever as dez canções que compõe esse álbum. Reunindo parcerias com Carlos Rennó e Lucky Luciano, Lenine aproveitou os sons da natureza e barulhos do cotidiano, como som de passos, o canto de pássaros, o próprio bater do coração e até uma motosserra para compor suas músicas.
Em entrevista à rádio Estadão-ESPN, Lenine afirma que o disco não teria esses sons orgânicos num primeiro momento, mas que ele estava certo de que não haveria bateria. A incorporação de outros sons e barulhos ocorreu após Frederico VI, o canário belga da mãe de Lenine, catarolar enquanto gravavam uma das canções. "Naquele momento, uma falta de sorte. Mas quando ouvimos a gravação tinha ficado perfeito", conta ele.

Ouça o  seu mais novo álbum "Chão":


Mais algumas canções do Lenine: