sábado, 18 de fevereiro de 2012

Secos & Molhados


Amor

Leve, como leve pluma
Muito leve, leve pousa.
Muito leve, leve pousa.
Na simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Suave coisa nenhuma.
Sombra, silêncio ou espuma.
Nuvem azul
Que arrefece.
Simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma.
Que em mim amadurece



Nunca antes na história da música deste país se viu tamanha revolução. E nem depois. Em plena efervescência da década de 70, ainda bebendo da fonte da tropicália, surge o grupo Secos e Molhados.
Lançado em 1973, o seu primeiro disco trazia uma musicalidade que bebia tanto da Tropicália como do Clube da Esquina, em um flerte intenso com a música latino-americana e com o rock progressivo, claramente perceptível em praticamente todas as faixas do álbum.

Com uma sonoridade simples – sem maiores preocupações harmônicas e complexidade melódica e/ou rítmica – mas, ainda assim, bem elaborada, os compositores João Ricardo e Gerson Conrad, junto com seus parceiros, apresentaram neste disco de estréia canções curtas e melodiosas que logo cativaram um público considerável, de modo que o disco vendeu cerca de trezentas mil cópias e projetou nacionalmente o grupo, que passou a fazer muitas apresentações pelo Brasil e, posteriormente, pelo exterior.
Em suas apresentações ao vivo, os Secos e Molhados destacaram-se pelos desempenhos teatrais, irreverentes e ousados e pelas suas maquiagens extravagantes, que condiziam perfeitamente com sua atitude e com suas músicas, que em geral tinham letras sarcásticas, além de bastante poéticas.
Outro grande destaque do grupo foi, sem dúvida, a revelação de Ney Matogrosso, um dos maiores intérpretes modernos da música brasileira, dono de uma voz incomum e de uma sensibilidade interpretativa notável. Ney, que era o rosto e a alma do grupo, passou apenas dois anos na formação dos Secos e Molhados, partindo depois para uma carreira solo muito bem sucedida e longeva, que rende bons frutos até os dias de hoje.
Até hoje é impossível permanecer estático quando somos expostos ao baixo alucinado de “Amor” ou às energias zeppelianas na bateria de “Flores Astrais”, assim como merecem atenção especial "Fala" e "Primavera nos dentes". Secos & Molhados foi um marco na história do rock brasileiro.

Não deixem de ouvir:

► Amor
► As Andorinhas
► Assim Assado
► Balada do Louco
► Caixinha de Música do João
► Como Eu Como Tu
► De Mim Pra Você
► Delírio
► El Rey
► Fala
► Flores Astrais
► Lindeza
► Medo Mulato
► Mulher Barriguda
► Não, Não Digas Nada
► O Hierofante
► O Patrao Nosso de Cada Dia
► O Vira
► Prece Cósmica
► Primavera nos Dentes **
► Que Fim Levaram Todas as Flores
► Rondo do Capitão
► Rosa de Hiroshima
► Sangue Latino
► Tercer Mundo
► Última Lágrima

Em 2003 foi lançado o álbum "Assim Assado" - Tributo ao Secos & Molhados:

01.Sangue Latino - Nando Reis
02.O Vira - Fala Mansa e Mascavo
03.O Patrao Nosso de Cada Dia - Toni Garrido
04.Amor - Ira
05.Primavera nos Dentes - Eduardo Dusek
06.Assim Assado - Capital Inicial
07.Mulher Barriguda - Pitty
08.El Rey - Matanza
09.Rosa de Hiroshima - Arnaldo Antunes
10.Prece Cosmica - Raimundos
11.Rondo do Capitao - Pato Fu
12.As Andorinhas - Marcelinho da Lua
13.Fala - Ritchie