quarta-feira, 27 de março de 2019

Raul Seixas


Coração Noturno

Amanhece, amanhece, amanhece
Amanhece, amanhece o dia
Um leve toque de poesia
Com a certeza que a luz
Que se derrama
Nos traga um pouco, um pouco, um pouco de alegria!
A frieza do relógio
Não compete com a quentura do meu coração
Coração que bate 4 por 4
Sem lógica, sem lógica e sem nenhuma razão
Bom dia sol!
Bom dia, dia!
Olha a fonte, olha os montes
Horizonte
Olha a luz que enxovalha e guia
A Lua se oferece ao dia
E eu, e eu guardo cada pedacinho de mim
Prá mim mesmo
Rindo louco, louco, mais louco de euforia
Bom dia sol!
Bom dia, dia!
Eu e o coração
Companheiros de absurdos no noturno
No soturno
No entanto, entretanto
E portanto ...
Bom dia sol!
Bom dia, sol!



Eu não poderia deixar de postar o Raulzito!
Raul dos Santos Seixas  nasceu em Salvador, Bahia, em 28 de junho de 1945, filho de Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas. Oriundo da mesma região e geração que Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa entre tantos outros que definiram o movimento chamado Tropicália, Raul teve ao contrário destes em sua infância maior contato e assimilação do rock and roll em virtude de ser vizinho e amigo de filhos de famílias americanas que trabalhavam para o consulado americano na Bahia. Tornou-se logo fã ardoroso de Elvis Presley, fundando aos 14 anos um fã-clube brasileiro do cantor (Elvis Rock Club). Engana-se porém quem pensa que Raul renegou a cultura brasileira adotando o rock and roll; odiava a bossa nova mas acrescentou ao seu rock elementos de música nordestina como o baião, xaxado, música brega.
Aluno relapso (repetiu várias vezes a segunda série ginasial) apesar de muito inteligente e leitor voraz, rapidamente se cansa da escola decidindo pela profissionalização como músico. Em 1962 em meio ao movimento bossa nova que explodia no Brasil, Raul monta sua primeira banda, Os Relâmpagos do Rock, que mais tarde teria seu nome mudado para The Panthers e finalmente Raulzito e os Panteras. Pela formação do grupo passaram entre outros além de Raul (vocal e guitarra), Thildo Gama, Perinho (guitarra), Mariano Lanat (baixo), Carleba (bateria). Logo abandona a faculdade de direito.
Em sua carreira foi pioneiro na mistura de todo tipo de influência musical ao rock and roll, passeando e acrescentado com desenvoltura e sem preconceitos ritmos nordestinos (Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor), folk ao estilo Bob Dylan (Ouro de Tolo), música brega (Sessão das 10), umbanda (Mosca na Sopa). Em suas letras abordava com igual desenvoltura temas tão díspares quanto sentimentos humanos, críticas ao sistema, esoterismo e agnosticismo. A sua mensagem muitas vezes está implícita em letras que podem ser taxadas de bobas pelos menos perspicazes (vide a letra de Carimbador Maluco) e em outros momentos é pura poesia (como em Canção Para Minha Morte).
Em 21 de Agosto de 1989, apenas dois dias após o lançamento de A Panela do Diabo, Raul Seixas morre de um ataque cardíaco em virtude de problemas causados pela bebida. Curiosamente após a sua morte tem o seu talento mais reconhecido do que nunca, arregimentando a cada dia mais seguidores, sendo lançados postumamente registros inéditos e coletâneas, todos sucessos de vendas.
Raul Seixas morreu um tanto quanto esquecido por grande parte do publico brasileiro , mas apartir do dia de sua morte não parou de crescer, e é até hoje um dos bons músicos mais reconhecidos no país.

"Ninguém tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender." (Raul Seixas)

Convido-os a ouvirmos uma coletânea das canções de um dos maiores Rockeiros do Brasil: